Por Patricia Constantino de Tella, psicóloga. Mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) – ICr. Especialização em Terapia Comportamental. Universidade de São Paulo – USP contato: patriciatella@usp.br
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Terapia ABA
Inicialmente é realizada uma avaliação cuidadosa e
aprofundada para determinar as competências que o aluno possui e as que estão
ausentes. Para cada aluno, as competências a ser aumentadas e os problemas a
ser reduzidos são claramente definidos em termos observáveis e mensuráveis
através de observação directa, com verificação independente por um segundo
observador.
Os objetivos da terapia/intervenção é feita com base
nos dados da avaliação inicial, de um currículo base e da sequência de
aquisição de competências em todos os domínios (aprender a aprender,
comunicativo, social, académico, autocuidado, motor, brincar e divertimento,
etc.), os quais são decompostos em pequenos passos, sendo estes desenvolvidos
sequencialmente, ou dos mais simples para os mais complexos. O método ABA pode
intencionalmente ensinar a criança a exibir comportamentos mais adequados no
lugar dos comportamentos problemas.
Comportamentos estão
relacionados a eventos ou estímulos que os precedem (antecedentes) e a sua
probabilidade de ocorrência futura está relacionada às conseqüências que os
seguem.
Todo comportamento é
modificado através de suas conseqüências (Moreira e Medeiros, 2007). Tentamos
fazer coisas e se elas funcionam faremos novamente; quando nossas ações não
funcionam é menos provável que as realizemos novamente no futuro.
Os objetivos da intervenção são:
1. Trabalhar os déficits,
identificando os comportamentos que a criança tem dificuldades ou até
inabilidades e que prejudicam sua vida e suas aprendizagens.
2. Diminuir a freqüência e intensidade de
comportamentos de birra ou indesejáveis, como, por exemplo: agressividade,
estereotipias e outros que dificultam o convívio social e aprendizagem deste
indivíduo.
3. Promover o
desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, adaptativas, cognitivas,
acadêmicas etc.
4. Promover comportamentos
socialmente desejáveis
A intervenção é baseada em
uma análise funcional, ou seja, análise da função do comportamento
determinante, para eliminar comportamentos socialmente indesejáveis. Este é um
ponto central para entendermos qual é o propósito do comportamento problema que
a criança está apresentando e, com isso, montarmos a intervenção para
modificá-lo. Se o comportamento é influenciado por suas consequências, podemos
manipulá-las para entendermos melhor como essa sequência se dá e também modificar
os comportamentos das pessoas, programando conseqüências especiais para tal
(Moreira e Medeiros, 2007).
O primeiro passo para se
resolver um comportamento problema é identificar a sua função. Se não soubermos
por que uma criança deve se engajar em um comportamento adequado (qual a função
ou propósito), será difícil saber como devemos ensiná-la.
Pais, terapeutas e
professores tendem a imaginar ou achar um motivo para o comportamento e isso
incorrerá no insucesso da intervenção. A avaliação comportamental é a fase da
descoberta, e visa à identificação e o entendimento de alguns aspectos
relativos à criança com autismo e seu ambiente. Alguns dos objetivos da
avaliação são:
Entender o repertório de
comunicação da criança: presença ou não de linguagem funcional, contato visual,
atendimento de ordens, entre outros;
Como ela se relaciona em seu
ambiente: brinquedos preferidos, apresenta birras frequentes, como reage às
pessoas;
Qual a função de seus
comportamentos;
Em que circunstâncias certos
problemas ocorrem ou deixam de ocorrer com maior freqüência ou intensidade?
Quais as conseqüências fornecidas a esses
comportamentos problema?
Com base nestas informações,
o segundo passo é traçar pequenos objetivos a curto prazo, visando à ampliação
de habilidades e eliminação de comportamentos inadequados, realizando a
manipulação dos antecedentes (estratégias de prevenção).
É importante que a
modificação de comportamentos desafiadores seja feita gradualmente, sendo a
redução da ansiedade e do sofrimento o objetivo principal. Isto é feito pelo estabelecimento de regras claras e
consistentes (quando o comportamento não é admitido ou permitido); uma
modificação gradativa; identificação de funções subjacentes, tais como ansiedade
ou incerteza; modificações ambientais (mudança nas atitudes ou tornar a
situação mais previsível) e transformação das obsessões em atividades
adaptativas (Bosa, 2006).
.
Autismo DSM V
A nova edição do DSM trouxe
uma nova estrutura de sintomas, e a tríade de sintomas que modela déficits de
comunicação separadamente de prejuízos sociais do DSM-IV, que foi substituído
por um modelo de dois domínios composto por um domínio relativo a déficit de
comunicação social e um segundo relativo a comportamentos/interesses restritos
e repetitivos. Além disso, o critério de atraso ou ausência total de
desenvolvimento de linguagem expressiva foi eliminado do DSM-5, uma vez que
pesquisas mostraram que esta característica não é universal, nem específica de
indivíduos com TEA.
DSM-V : Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios
1, 2 e 3 abaixo:
Déficits clinicamente
significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais,
manifestadas de todas as maneiras seguintes:
1. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal
usadas para interação social;
2. Falta de reciprocidade social;
3. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos
de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses
e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
1. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou
comportamentos sensoriais incomuns;
2. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados
de comportamento;
3. Interesses restritos, fixos e intensos.
Os sintomas devem estar presentes no
início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as
demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Justificativas:
Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
A diferenciação entre Transtorno do Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente, e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou inteligência, parecem contribuir mais do que as características do transtorno.
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